19 de dezembro de 2011

Everything


And it’s all about you.
Everything. Every little thing. It is all about you. Always. And you don’t even know that.
You don’t know that when I see you I sleep better. Or when I hear your voice I keep laughing at myself all day long. When I talk to you I wake up in a really good humor, saying good morning to every single moving thing. And after every conversation we have, I just stare at the mirror and smile. And then, I feel so happy I could cry - and I do - and then I feel stupid for crying over a good thing.

18 de dezembro de 2011

Essencial


Estive pensando.
Pensando em como era muito mais fácil escrever quando tinha um vazio no meu peito. Pensando que talvez as minhas palavras fossem palavras da tristeza que eu sentia, e não minhas. Em como eu sempre procurei a melancolia e encontrei nela um conforto necessário, uma inspiração momentânea e bonita que me deixava feliz por uma fração de minuto. Em como a alegria e tristeza trocaram de lugar e eu não percebi.
A felicidade me inspira, mas não minhas palavras. Sempre me pareceu tão piegas escrever sobre a alegria e o amor, porque todos já sabem como é. Gostava mesmo de, como os poetas do ultrarromantismo, escrever sobre a depressão e as desilusões. Isso sim era bonito.
Mas eu sinto falta de escrever, e estive pensando em como talvez eu estivesse errada.
Que talvez haja mais inspiração na felicidade do que na melancolia, e que não, as pessoas não sabem como são a alegria e o amor. Isso sim é bonito - e raro.
Então resolvi voltar mais uma vez, escrever mais uma vez e tentar mais uma vez.
Porque eu amo as palavras, e não preciso abrir mão da minha felicidade pra tê-las comigo de novo.
O sentimento mudou, mas não a essência. E agora é nela que vou procurar a poesia que eu preciso.

"Pois que a vida é assim: aperta-se o botão e a vida acende. Só que ela não sabia qual era o botão de acender."

7 de outubro de 2011

A volta

Já faz muito tempo

que as palavras não adoçam a amargura interior;
que as letras se materializam em sonhos,
e morrem a cada concreta pulsação.

Já faz tempo que a essência adormeceu.
Que o sangue parou de correr,
e enferrujou.

~

Eis que no rosicler da aurora,
os pulmões resolveram se encher de poesia
ecoando palavras murchas há muito baldadas.

No coração, as cores do íris
se ramificaram em cravo, rosa e lírio
e irromperam peito afora.

As formigas rastejando nas veias,
abrem caminho pro sangue que corre ligeiro.
E a essência, brilhando nos olhos
a aspiração de quem levou muito tempo pra despertar.

19 de fevereiro de 2011

The Girl And The Oak

Era uma vez uma menina e um carvalho.
O carvalho habitava o jardim da menina, e era sua única companhia.
Todos os dias ela sentava-se à sombra da árvore e lia uma história. Todos os dias ela esperava alguma emoção vinda do carvalho. Todos os dias ela voltava pra casa aborrecida.
O carvalho não parecia gostar da menina tanto quanto a menina gostava do carvalho.
E o carvalho derrubava aos montes suas folhas, colorindo de amarelo a grama, a cerca e o telhado. Balançava seus galhos ao sabor do vento, por vezes batendo de leve na janela da menina. A menina, por sua vez, irrompia eufórica pela porta, olhos brilhando e peito cheio de esperança, até perceber que o toque era obra do vento, e não do carvalho. Ele continuava imóvel, alheio à presença da menina. E ela engolia suas mágoas e voltava pra dentro, com ombros baixos e nós na garganta.
A menina varria suas folhas, devolvia ao ambiente suas cores originais. E enquanto varria, tagarelava sobre as pessoas que passavam, sobre seus sonhos, sobre os programas de tevê. O carvalho não respondia, e a menina continuava varrendo.
Ela olhava pros altos galhos do carvalho, imaginando se ele se curvaria pra que ela pudesse abraçá-lo, já que seus braços curtos mal fechavam o tronco. Ficava horas naquela súplica silenciosa, mãos geladas na casca grossa do carvalho, enquanto seus galhos pareciam cada vez mais altos.
E de tanto varrer suas folhas, suas mãos ficaram calejadas; De tanto abraçar seu tronco, seus braços machucados; De tanto implorar pelo amor do carvalho, seu coração em pedaços.
E quanto mais a menina suplicava, mais distante ficava o carvalho. Cada vez mais ele derrubava suas folhas, e cada vez mais altos ficavam seus galhos.
Até que a menina cansou de varrer suas folhas em vão, de buscar abraços que nunca vinham, de conversar com o gigante que nunca respondia. E resolveu ir embora.
E suas mãos ficaram macias; Seus braços sem machucados; Seu coração sem rachaduras.
Então o carvalho derrubou suas folhas como nunca, colorindo de amarelo rua, carros e pedestres. Seus galhos cresceram mais alto do que qualquer outra árvore na cidade. Sua casca ficou rígida e áspera, como nunca havia estado.
Mas a menina não estava mais lá.
E sem seu toque, o carvalho definhou.
Suas folhas não mais caíram.
E seus galhos vieram ao chão.

16 de fevereiro de 2011

Dismantle

Gota sobressalente;
Vermelho que sangra ligeiro;
Transborda.

Calor sólido;
Escorre por entre os dedos;
Gelados.

Sorriso enfileirado;
Lábios em meia-lua;
Contraem-se em linhas;
Escondem-se.

Pele eufórica;
Dedos se tocam;
Repelem-se;
Temerosos.

6 de fevereiro de 2011

Lilt

Eu me sentia selvagem e domesticada, e feita em pedaços e perdida entre tudo isso ao mesmo tempo. Pela primeira vez na vida, minha mente não divagou compondo uma letra de música nem guardou o momento para uma reflexão posterior.
Pela primeira vez na vida,
eu estava ali
e em nenhum outro lugar.

22 de janeiro de 2011

Fate

O futuro e o passado, idênticos um ao outro; neve depois verão, e depois neve outra vez.

10 de janeiro de 2011

Asas

Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá."
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas que comentavam: "Mas você é uma pessoa que tem tudo." Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. "Por que você veio?", perguntou à morte.
"Para que você possa voar de novo com ele nos céus", respondeu a morte. "Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."

Onze Minutos

- Você está falando de amor como uma professora.
Maria resolveu falar, porque esta era a sua defesa, sua maneira de dizer tudo sem comprometer-se com nada:
- Quem está apaixonado está fazendo amor o tempo todo, mesmo quando não está fazendo. Quando os corpos se encontram, é apenas o transbordar da taça. Podem ficar juntos por horas, até dias. Podem começar a dança em um dia e acabar em outro, ou até mesmo não acabar, de tanto prazer. Nada a ver com onze minutos.
- O quê?
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
- Perdão. Não sei o que estou dizendo.
- Nem eu.
Levantou-se, deu-lhe um beijo e saiu.