19 de fevereiro de 2011

The Girl And The Oak

Era uma vez uma menina e um carvalho.
O carvalho habitava o jardim da menina, e era sua única companhia.
Todos os dias ela sentava-se à sombra da árvore e lia uma história. Todos os dias ela esperava alguma emoção vinda do carvalho. Todos os dias ela voltava pra casa aborrecida.
O carvalho não parecia gostar da menina tanto quanto a menina gostava do carvalho.
E o carvalho derrubava aos montes suas folhas, colorindo de amarelo a grama, a cerca e o telhado. Balançava seus galhos ao sabor do vento, por vezes batendo de leve na janela da menina. A menina, por sua vez, irrompia eufórica pela porta, olhos brilhando e peito cheio de esperança, até perceber que o toque era obra do vento, e não do carvalho. Ele continuava imóvel, alheio à presença da menina. E ela engolia suas mágoas e voltava pra dentro, com ombros baixos e nós na garganta.
A menina varria suas folhas, devolvia ao ambiente suas cores originais. E enquanto varria, tagarelava sobre as pessoas que passavam, sobre seus sonhos, sobre os programas de tevê. O carvalho não respondia, e a menina continuava varrendo.
Ela olhava pros altos galhos do carvalho, imaginando se ele se curvaria pra que ela pudesse abraçá-lo, já que seus braços curtos mal fechavam o tronco. Ficava horas naquela súplica silenciosa, mãos geladas na casca grossa do carvalho, enquanto seus galhos pareciam cada vez mais altos.
E de tanto varrer suas folhas, suas mãos ficaram calejadas; De tanto abraçar seu tronco, seus braços machucados; De tanto implorar pelo amor do carvalho, seu coração em pedaços.
E quanto mais a menina suplicava, mais distante ficava o carvalho. Cada vez mais ele derrubava suas folhas, e cada vez mais altos ficavam seus galhos.
Até que a menina cansou de varrer suas folhas em vão, de buscar abraços que nunca vinham, de conversar com o gigante que nunca respondia. E resolveu ir embora.
E suas mãos ficaram macias; Seus braços sem machucados; Seu coração sem rachaduras.
Então o carvalho derrubou suas folhas como nunca, colorindo de amarelo rua, carros e pedestres. Seus galhos cresceram mais alto do que qualquer outra árvore na cidade. Sua casca ficou rígida e áspera, como nunca havia estado.
Mas a menina não estava mais lá.
E sem seu toque, o carvalho definhou.
Suas folhas não mais caíram.
E seus galhos vieram ao chão.

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