30 de novembro de 2010

Taciturno

O céu se franze conforme os ponteiros correm, enquanto o mundo gira ao contrário. As folhas dançam pesadamente acima de nossas cabeças, pesadas. Pensamentos escorrendo pelas ruas escuras, em companhia da chuva amarga - que cai impiedosamente, amargurando. Murmúrios preocupados nos ferem os ouvidos, ao mesmo tempo em que os pássaros sufocam e param de cantar. O ar parece mais denso do que o costume. Raios saindo pelos olhos, lendo nossas mentes ilegíveis, enquanto os lábios mudam de cor e se contorcem em sorrisos desbotados. Os dedos alcançam aos céus e tocam a lua, à medida que o chão cede sete palmos a cada expiração. As árvores retas e íntegras curvam-se e põem-se a chorar.
A cabeça lateja, o coração na boca.
Olhos ao chão. Protegendo-nos de nós mesmos.
Tudo muito tácito.